O que Jesus ensinou sobre marcar datas?
Nosso Senhor foi bem enfático ao ensinar sobre
Sua volta. Em pelo menos cinco passagens (sete, se forem incluídas passagens
paralelas), Jesus advertiu os discípulos e crentes contra marcar datas. Mas,
como já vimos, em toda a história da Igreja houve uma
quantidade incrível de especulações relativas a datas.
Jesus enfatizou a profecia e o entendimento
dela nos Seus ensinamentos. Ele não evitou nem descartou sua relevância; fez
exatamente o oposto. Ele enfatizou a importância da profecia para entendermos
Sua vida e Seu ministério. Mas também explicou que há alguns aspectos do futuro
que não podem ser conhecidos com precisão. Sua volta é certa, mas o momento
exato não. Jesus entendia a vontade humana de conhecer o futuro, mas não
permitiu que Seus seguidores caíssem nas tentações dos videntes:
Essas passagens são proibições absolutas de
marcar datas. Alguns estudiosos de profecia disseram que estes versículos
ensinam que era impossível saber a data na igreja primitiva, mas que nos
últimos dias algumas pessoas saberão. Outros estudiosos disseram que estes
versículos ensinam que ninguém sabe o dia nem a hora, exceto aqueles que forem
capazes de descobri-los usando algum esquema cronológico. Ambos estão
absolutamente errados! A data da volta de Cristo é uma questão de revelação de
Deus. Ele decidiu não revelar isso nem para Cristo durante Sua humanidade em
Sua primeira vinda (Mateus 24.36). Se o Pai não o revelou ao Filho na Sua
humanidade, por que alguém pode crer que o Pai lhe revelaria isso? Jesus deixa
bem claro: “Não!”
O que mais a Bíblia
ensina sobre profecias?
O ensinamento de Cristo é reforçado
também em outras partes das Escrituras. Em 1 Tessalonicenses
5.1-2, Paulo reafirma as palavras de Jesus com relação à incerteza da
hora da Sua volta: “Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade
de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o
dia do Senhor vem como ladrão de noite.”
Por isso ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não
cuidais, o Filho do Homem virá.
Algumas pessoas acreditam que há passagens na
Bíblia que ensinam que os crentes poderão saber a data da volta de Cristo.
Examinaremos algumas dessas passagens para mostrar como aqueles que defendem a
marcação de datas usaram os vários versículos de forma errada em suas
tentativas de conseguir legitimidade para suas posições. A Bíblia não contém
contradições internas. É errado pensar que as Escrituras dizem que “ninguém
pode saber”, mas também afirmam que algumas pessoas conseguirão descobrir.
A primeira passagem ocasionalmente citada é
Lucas 21.28: “Ora, ao começarem estas cousas a
suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.”
Algumas pessoas ensinaram que essa passagem implica uma permissão para marcar
datas. Mas indicadores contextuais importantes são esquecidos em tal argumento.
Estes indicadores incluem o fato de que a passagem se refere aos crentes judeus
durante a futura tribulação de sete anos, que, logo antes da segunda vinda de
Cristo, devem vigiar, não marcar datas,
enquanto passam pelo período final de severa perseguição. Isso não está
relacionado a marcar datas durante a atual era da Igreja, já que está
relacionado a eventos durante a tribulação de sete anos. Quando a tribulação
começar, será possível saber a hora da vinda de Cristo. Mas, isso não tem nada
a ver com os crentes hoje que estão vivendo durante a era da Igreja (não na
tribulação). A era da Igreja termina com o arrebatamento, que é um evento sem
sinais. Então não há maneira de ligar, especificamente, eventos da nossa época
com os da tribulação para marcar uma data. Devemos vigiar e esperar a volta do
nosso Senhor no arrebatamento justamente porque não podemos marcar datas.
Uma segunda passagem citada algumas vezes é
Hebreus 10.25b: “antes, façamos admoestações, e tanto mais quanto vedes que
o dia se aproxima.” Alguns ensinam que isso implica que os crentes podem
ver ou saber que “o dia” (a segunda vinda) está se aproximando. Enquanto alguns interpretam “o dia” como uma referência à segunda
vinda, achamos que o contexto imediato e o contexto do livro de Hebreus indicam
uma advertência aos crentes judeus antes da destruição de Jerusalém e do templo
em 70 d.C. Trata-se de uma advertência para não voltarem para o judaísmo (i.e.,
apostatarem) já que o futuro próximo continha apenas castigo para os judeus que
rejeitaram Jesus como seu Messias. Então “o dia” não é uma referência à
segunda vinda mas sim à destruição de Jerusalém pelos
romanos em 70 d.C. Se essa passagem realmente se refere à segunda vinda, uma
vez mais, não haveria base para ligar um fator específico que sirva para marcar
a data da segunda vinda. A afirmação geral “tanto mais quanto vedes que o dia
se aproxima” não quer dizer que saberemos especificamente quando Ele vem, assim como alguém que vê a chegada de uma tempestade e
não sabe a hora exata em que vai chover no lugar onde está.
Quando a tribulação começar, será possível saber a hora da vinda de Cristo. Mas, isso não tem nada a ver com
os crentes hoje que estão vivendo durante a era da Igreja.
Uma terceira passagem que às vezes é
mencionada é 1 Tessalonicenses 5.4: “Mas vós,
irmãos, não estais em trevas, para que este dia, como ladrão, vos apanhe de
surpresa.” Ensinava-se, com base nessa passagem, que os crentes saberiam a
data “do dia” [i.e., “o dia do Senhor” (veja 1 Tessalonicenses 5.2)] para não
serem pegos de surpresa. Mas esta interpretação atribui o sentido errado ao
ensinamento de Paulo. Paulo está dizendo que os tessalonicenses não serão
surpreendidos porque estão preparados pelo fato de serem crentes. O Senhor
cuidará de todos os crentes (acreditamos que através do arrebatamento pré-tribulacional), de forma que, ao contrário do descrente
que estará despreparado e será pego de surpresa, o crente estará preparado.
Que perigo existe em estudar profecias e
marcar datas?
Não há perigo em estudar profecias. Na
verdade, não podemos ignorar as profecias e o estudo correto da Bíblia, mas não
podemos cair na armadilha de marcar datas. A Bíblia ensina claramente que a
Palavra de Deus é suficiente para tudo o que precisamos a fim de vivermos uma
vida que agrade a Cristo (2 Timóteo 3.16,17; 2 Pedro 1.3,4). Isso significa que se algo não é revelado a
nós na Bíblia, não é necessário para cumprir o plano de Deus em nossas vidas. A
data da volta de Cristo não é dada na Bíblia, então, apesar do que algumas
pessoas possam dizer, não é importante conhecê-la para agradar a Deus. O Senhor
disse a Israel: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus; porém
as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que
cumpramos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29.29). A data da
vinda de Cristo não foi revelada; é um segredo que pertence somente a Deus.
Já que a Bíblia proíbe marcar datas, o que
ensina? Muitas das mesmas passagens que proíbem marcar datas nos instruem sobre
o que fazer até que o Senhor volte. Por exemplo, Mateus 24.42 não só adverte: “porque
não sabeis em que dia vem o nosso Senhor”, mas também exorta os crentes a “vigiar”.
Mateus 24.44 manda os crentes “ficarem apercebidos”
porque “à hora em que não cuidais, o Filho do homem virá.” E também
Mateus 25.13 nos exorta a vigiar “porque não sabeis o dia nem a hora.”
O alerta ao qual os
crentes são chamados não é de marcar datas, mas de esperar o Salvador (já que
não sabemos quando Jesus voltará). Devemos ficar alertas, ao contrário dos descrentes
que ficam dormindo, em relação às coisas de Deus. Devemos ficar alertas a fim
de vivermos piedosamente até o Senhor voltar porque estamos na noite escura
desta era maligna, que exige uma vigilância ativa contra o mal.
O alerta ao qual os crentes são
chamados não é de marcar datas, mas de esperar o Salvador.
Se a Igreja soubesse o dia ou a hora do
arrebatamento, a iminência, a posição que os crentes pré-tribulacionistas
têm em relação ao arrebatamento, seria destruída. A iminência bíblica ensina
que Cristo pode, mas não precisa, vir a qualquer
momento. Isso também significa que não há sinais que precisam ser cumpridos
para o arrebatamento acontecer. Então, Cristo poderia literalmente vir hoje
ou neste exato momento ou instante. Todas as tentativas de marcar datas destróem essa iminência. Se alguém ensinasse que o
arrebatamento aconteceria num dia, mês, ou ano específico,
então isso significaria que Cristo não poderia vir antes dessa data. E,
assim, o arrebatamento não poderia ser iminente, já que Cristo não viria até
essa data específica. A iminência é importante porque geralmente está
relacionada a mandamentos de vida santa. Por isso, marcar datas também tem um
impacto negativo na ética.
Ao mesmo tempo que marcar datas é
claramente proibido na Palavra de Deus, acreditamos que é válido entender que
Deus está preparando o cenário para Seu grande programa do fim dos tempos. O
que isso significa? Como mencionamos anteriormente, o arrebatamento é um evento
sem sinais, então é impossível identificar sinais específicos que indiquem sua
proximidade. É por isso que todas as tentativas de datar o arrebatamento
aplicaram erroneamente à Igreja passagens relacionadas ao plano de Deus para
Israel. Um exemplo deste erro seria dizer que as festas de Israel (i.e., Rosh Hashanah) estão relacionados com a marcação da data do arrebatamento como
observado acima. Mas, já que a Bíblia descreve os participantes, os eventos, e
as nações envolvidas na tribulação final, podemos ver a preparação de Deus para
os últimos sete anos das setenta semanas de Daniel para Israel.
Por exemplo, o fato de que Israel foi
restabelecido como nação e agora controla Jerusalém é uma indicação forte de
que a era da Igreja está chegando ao fim (Isaías 11.11-12.6; Ezequiel 20.33-44;
22.17-22; Sofonias 2.1-3). Mas isso só pode ser uma
indicação geral, já que nenhum cronograma é dado especificamente para a atual
preparação do cenário. Não podemos saber com certeza que somos a última geração
antes do arrebatamento porque Deus pode resolver “preparar o cenário” durante
os próximos 100 anos ou mais. O Dr. Walvoord diz
corretamente:
Não há base bíblica para
marcar datas para a volta do Senhor nem para o fim do mundo... Os intérpretes
estão percebendo cada vez mais uma correspondência surpreendente entre a
tendência óbvia dos eventos mundiais e o que a Bíblia previu séculos atrás.[1]
Jesus Cristo voltará! É nossa responsabilidade
estar preparados para essa volta e para proclamar a salvação que Ele oferece, a
fim de que outros também estejam preparados. (Thomas
Ice e Timothy Demy - http://www.chamada.com.br)
Notas
Extraído do livro A
Verdade Sobre O Ano 2000 e as Previsões da Volta de Cristo.